Rosuvastatina
Ações terapêuticas.
Hipocolesterolemiante.
Propriedades.
Pertence à família das estatinas (lovastatina, sinvastatina, pravastatina, atorvastatina etc.) e, como estas, atua como um inibidor competitivo e seletivo da enzima HMG-CoA redutase que catalisa a conversão da coenzima A 3-hidroxi-3-metilglutaril em mevalonato, um precursor do colesterol. No fígado, os triglicerídeos (TG) e o colesterol incorporam-se à apolipoproteína B (ApoB) para formar a lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL), a qual é liberada para a corrente sangüínea e distribui-se para os tecidos periféricos. Por sua vez, a lipoproteína de baixa densidade (LDL), rica em colesterol, forma-se a partir da VLDL e é depurada principalmente no fígado através de seu receptor de alta afinidade. A rosuvastatina aumenta o número de receptores hepáticos para LDL, produzindo aumento da captação e do catabolismo de LDL e inibe a síntese hepática de VLDL, reduzindo o número total de partículas de VLDL e LDL. Além disto, aumenta a quantidade de lipoproteína de alta densidade (HDL), a qual contém ApoA-I, e a mencionada fração está envolvida, entre outras coisas, no transporte de colesterol a partir dos tecidos de retorno ao fígado (transporte inverso de colesterol). Estudos clínicos demostraram que o fármaco reduz a LDL-C elevada, ApoB, não HDL-C, VLDL-C, VLDL-TG colesterol e TG totais e aumenta a HDL-C e a ApoA-I. Além disto, diminui os índices LDL-C/HDL-C, C-total /HDL-C, não HDL-C/HDL-C e ApoB/ApoA-I. A rosuvastatina é absorvida por via digestória e apresenta uma biodisponibilidade de 20% devido ao fenômeno de primeira passagem no fígado, sítio primário da síntese do colesterol e depuração de LDL-C. Alcança sua concentração plasmática máxima 5 h após a administração e acumula-se minimamente mediante a administração repetida. A rosuvastatina une-se em aproximadamente 90% às proteínas plasmáticas, principalmente à albumina. O composto sem modificações representa mais que 90% da atividade inibidora da HMG CoA redutase circulante. Sofre reduzida biotransformação (aproximadamente 10%), transformando-se principalmente na forma N-desmetilada. Sua eliminação na forma de fármaco intacto ocorre em cerca de 90% através da via fecal, sendo o restante eliminado na urina.
Indicações.
Hipercolesterolemia primária, dislipidemia mista e hipertrigliceridemia isolada, incluindo Fredrickson do tipo IIa, IIb e IV; e hipercolesterolemia familiar heterozigótica, como um coadjuvante caso a resposta clínica à dieta e ao exercício seja inadequada. Hipercolesterolemia familiar homozigótica, seja de forma isolada ou como coadjuvante na dieta e outros tratamentos para redução de lipídeos, tal como aferese de LDL.
Posologia.
Dose usual: via oral, 10-40 mg uma vez ao dia, em qualquer hora do dia, acompanhada ou não de alimentação. A posologia deve ser individualizada conforme a patologia e a resposta do paciente. A maioria é controlada com a dose inicial; não obstante, caso necessário, pode ser feito um ajuste da dose após 2 semanas. Hipercolesterolemia primária (incluindo hipercolesterolemia familiar heterozigótica), dislipidemia mista e hipertrigliceridemia isolada: dose inicial recomendada, 10 mg uma vez ao dia. Hipercolesterolemia grave (incluindo hipercolesterolemia familiar heterozigótica): dose inicial recomendada, 20 mg uma vez ao dia. Hipercolesterolemia familiar homozigótica: dose inicial recomendada, 20 mg uma vez ao dia. Em pacientes com insuficiência renal grave a dose não deve exceder 10 mg ao dia.
Superdosagem.
Não há um tratamento específico. O paciente deve receber tratamento sintomático e medidas gerais de apoio conforme as necessidades clínicas.
Reações adversas.
As principais são: cefaleia, mialgias, astenia, obstipação, enjoo, náusea, dor abdominal. Menos frequentemente observa-se miopatia. De modo semelhante a outros inibidores da HMG CoA redutase, a incidência de reações medicamentosas adversas tende a aumentar com doses maiores. Os dados pré-clínicos não revelam riscos especiais para humanos baseados em estudos de toxicidade com dose repetidas, toxicidade genética, potencial carcinogênico e embriotóxico.
Precauções.
Recomenda-se administrar com precaução em pacientes que consumam quantidades excessivas de álcool e/ou que tenham histórico de doença hepática. Assim como outros inibidores de HMG-CoA, pode produzir distúrbios em nível de musculatura esquelética, como mialgia não-complicada e miopatia. Assim, recomenda-se determinar os níveis de creatina-quinase (CK) naqueles pacientes que venham a desenvolver qualquer sinal ou sintoma sugestivo de miopatia e suspender sua administração caso os níveis de CK estejam significativamente elevados ( > 10xULN) ou se houver diagnóstico ou suspeita de miopatia. Recomenda-se administrar com precaução a rosuvastatina junto com ciclosporina e derivados de ácido fíbrico, incluindo genfibrozila, ácido nicotínico, antimicóticos azoicos e antibióticos macrolídeos, pois observou-se maior incidência de miosite e miopatia em pacientes que haviam recebido concomitantemente esses fármacos juntamente com outros inibidores da HMG-CoA redutase. Recomenda-se suspender temporariamente sua administração em pacientes com miopatia ou com predisposição para desenvolver insuficiência renal secundária a rabdomiólise, tais como sepse, hipotensão, cirurgia maior, traumatismos, distúrbios metabólicos graves, alterações endócrinas e eletrolíticas ou convulsões não-controladas. Não administrar a mulheres durante a gravidez e a amamentação. As mulheres com possibilidade de conceber devem utilizar medidas contraceptivas adequadas.
Interações.
A coadministração deste fármaco com varfarina pode ocasionar um aumento do International Normalized Range (INR) referido aos tempos de coagulação, em comparação com a varfarina isoladamente. Em pacientes sob tratamento com antagonistas da vitamina K recomenda-se a monitoração do INR, tanto no início como no término da terapia com rosuvastatina, ou após um ajuste da dose. Sua coadministração com ciclosporina aumenta consideravelmente a concentração plasmática da rosuvastatina. Não se recomenda a administração conjunta destas drogas. O uso concomitante com genfibrozila aumenta a concentração plasmática máxima e o ABC (0-t) de rosuvastatina, razão pela qual recomenda-se iniciar o tratamento com uma dose inicial de 10 mg por dia e não exceder 20 mg diários. A administração simultânea com uma suspensão antiácida que contenha hidróxido de alumínio e de magnésio produz uma diminuição de aproximadamente 50% na concentração plasmática de rosuvastatina. Este efeito é reduzido quando o antiácido é administrado 2 horas após o hipolipemiante. Estudos in vitro e in vivo indicam que a rosuvastatina não tem interações em nível de citocromo P450 clinicamente significativas. Não houve interações clinicamente significativas com anticoncepcionais orais, digoxina ou fenofibrato, drogas anti-hipertensivas, antidiabéticos e terapia de substituição hormonal.
Contraindicações.
Hipersensibilidade conhecida à droga, enfermidade hepática ativa, gravidez, amamentação e em mulheres com potencial de conceber que não utilizem medidas contraceptivas adequadas.