Tobramicina

Ações terapêuticas.

Aminoglicosídeo, antibacteriano.

Propriedades.

É um derivado do Streptomyces tenebrarius. Sua união às proteínas é muito baixa e excreta-se por via renal; a excreção completa pode durar entre 10 e 20 dias; tem uma excreção mínima por via biliar e aparece no leite materno. É transportado de forma ativa através da membrana bacteriana, unindo-se aos ribossomas bacterianos e interferindo com o complexo de iniciação entre mRNA e a subunidade 30S. O DNA transcreve-se de forma incorreta e produzem-se proteínas não-funcionais; os polirribossomas se separam e não são capazes de sintetizar proteínas. Isso origina um transporte acelerado da droga, aumentando a ruptura das membranas citoplasmáticas das bactérias e provocando a consequente morte celular. Sua ação é bactericida, como todos os aminoglicosídeos, embora a maioria dos demais antibióticos que interferem na síntese de proteínas sejam bacteriostática. Não se metaboliza. Por via IM, é absorvido por completo e de forma rápida, e por via oral absorve-se de forma escassa através do trato gastrintestinal. Geralmente, considera-se terapêutica a dose entre 4 e 6 mg/ml. Quando a função renal está alterada, a excreção é mais lenta e sua acumulação pode produzir níveis sanguíneos tóxicos.

Indicações.

Infecções ósseas, de pele e outros tecidos produzidas por Pseudomonas aeruginosa, Proteus spp., Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter (aerobacter) spp. e Staphylococcus aureus. Meningites produzidas por organismos sensíveis. Infecções intrabdominais produzidas por E. coli, espécies de Klebsiella e de Enterobacter. Pneumonia por Klebsiella e Pseudomonas. Infecções urinárias complicadas e recorrentes.

Posologia.

Na forma parenteral IM ou infusão IV: de 0,75 a 1,25 mg/kg a cada 6 horas ou de 1 a 1,7 mg/kg cada 8 horas durante 7 a 10 dias ou mais. Dose limite para adultos: até 8 mg/kg/dia em infecções graves. Doses pediátricas usuais, IM ou infusão IV <196> prematuros ou neonatos a termo: até 2,5 mg/kg a cada 12 horas. Lactentes e crianças: de 1,5 a 1,9 mg/kg a cada 6 horas ou de 2 a 2,5 mg/kg a cada 8 horas.

Reações adversas.

Requerem atenção médica quando ocorrem: perda de audição, hematúria, aumento ou diminuição da frequência de micção ou do volume de urina, aumento da sede, perda de apetite, instabilidade, enjoos, náuseas, vômitos ou formigamentos, contrações musculares. São de incidência menos freqüente: sonolência e debilidade, sinais nefrotóxicos, aumento de ureia e creatinina séricas.

Precauções.

Os pacientes tratados com esta droga devem estar sob estrita vigilância médica por sua ototoxicidade e nefrotoxicidade. Pode desenvolver-se uma deterioração do VIII par (acústico). O risco de hipoacusia aumenta com o grau de exposição a concentrações séricas pico elevadas ou a manutenção de altas concentrações. A nefrotoxicidade induzida pelos aminoglicosídeos é, em geral, reversível. Deve-se evitar concentrações prolongadas superiores a 12 mg/ml. É importante o controle das concentrações séricas do fármaco nos pacientes com insuficiência renal conhecida. Em pacientes com queimaduras extensas, as alterações farmacocinéticas podem dar como resultado concentrações séricas reduzidas de aminoglicosídeos. Deve ser usado com precaução em pacientes com miastenia grave ou Parkinson, porque a droga pode agravar a debilidade muscular devido a seu efeito potencial do tipo curare sobre a função neuromuscular. No caso de gravidez, deve-se avaliar a relação risco-benefício, uma vez que a tobramicina se concentra nos rins do feto e produz surdez congênita bilateral irreversível. Deve ser utilizada com precaução nos prematuros e neonatos devido à imaturidade renal destes pacientes. Em idosos deverá ser realizado um acompanhamento da função renal no tratamento com aminoglicosídeos, dado que esta encontra-se diminuída fisiologicamente. Nestes pacientes a dose será calculada em função do peso, idade e função renal.

Interações.

Deve-se evitar o uso simultâneo ou sequencial de dois ou mais aminoglicosídeos, já que aumenta o risco de ototoxicidade, nefrotoxicidade e bloqueio neuromuscular. Também potencializam estes efeitos o uso concomitante de anfotericina-B, ácido acetilsalicílico, carmustina, cefalotina, cisplatina, ciclosporina, vancomicina ou furosemida parenteral. A associação com vancomicina é usada na profilaxia da endocardite bacteriana, em infecções estafilocócicas resistentes ou em pacientes alérgicos à penicilina, razão pelo qual, nestes casos, deverá ser realizado um acompanhamento adequado do paciente. Com antimiastênicos, pode chegar a antagonizar o efeito destes sobre o músculo esquelético. Deve-se evitar o uso simultâneo ou sequencial com polimixinas parenterais pelo risco de nefrotoxicidade ou bloqueio neuromuscular.

Contraindicações.

Hipersensibilidade a qualquer aminoglicosídeo. Gravidez.