Mirtazapina

Ações terapêuticas.

Antidepressivo.

Propriedades.

É um antidepressivo tetracíclico derivado da piridolbenzazepina, similar à maprotilina, que como todos esses fármacos bloqueia a captação neuronal de aminas e consequentemente induz um aumento e maior biodisponibilidade de noradrenalina (NA) ou de serotonina (5HT) em nível sináptico. Também foram postulados numerosos mecanismos para explicar a dissociação entre o bloqueio de recaptação de neuraminas, que é rápido e detectável em poucas horas, e o surgimento tardio (14 a 21 dias) do efeito antidepressivo clínico como a diminuição da troca do neurotransmissor, a diminuição da descarga neuronal, alterações nos receptores serotoninérgicos, regulação por rebaixamento dos adrenorreceptores. Sua absorção digestiva é rápida e completa após sua administração oral, difunde-se no plasma e liga-se com elevada afinidade às proteínas séricas (90%). Apresenta uma longa meia-vida plasmática (20-40 horas). Sua eliminação realiza-se principalmente através do rim. Seu efeito neurodepressor é acentuado, como ocorre com outros fármacos afins (maprotilina, amoxapina), enquanto a atividade anticolinérgica é fraca.

Indicações.

Síndromes depressivas, depressão reativa, doença maníaco-depressiva bipolar. Depressão associada com ansiedade, melancolia.

Posologia.

A dose inicial é de 15 mg diários de forma lenta, porém se deve procurar progressivamente o intervalo terapêutico ideal que geralmente oscila entre 15-45 mg/dia, em uma dose única administrada preferencialmente à noite antes de deitar-se. O tratamento de pacientes depressivos deve ser prolongado (6 meses ou mais).

Superdosagem.

Além da sedação excessiva não foram informados efeitos de importância por superdose. Nesses casos aconselham-se lavagem gástrica, hidratação, terapia sintomática e apoio das funções vitais respiratórias e cardiovasculares.

Reações adversas.

Cefaleias, tonturas, sonolência, astenia, secura da boca, discrasias sanguíneas, edemas, ginecomastia, artralgia, icterícia, hipotensão arterial, visão turva.

Precauções.

Após 4-6 semanas do início do tratamento foi observada mielodepressão manifestada como granulocitopenia que é reversível com a supressão do tratamento. O médico deverá monitorar o surgimento de odinofagia, febre, estomatite ou outros sinais de infecções, e diante da sua detecção, realizar um hemograma e suspender o tratamento. A dose deverá ser adequada, regulada e controlada cuidadosamente em indivíduos com insuficiência hepática ou renal, epilepsia, diabetes, hipertrofia prostática, glaucoma de ângulo estreito, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca, infarto de miocárdio recente, arritmias cardíacas. Pode ser observado agravamento dos sintomas psicóticos quando o medicamento é administrado a pacientes com esquizofrenia ou patologias psicóticas ou paranóides. Pode afetar a concentração e os reflexos, especialmente em indivíduos que dirijam veículos ou maquinarias perigosas.

Interações.

O uso simultâneo com álcool, barbitúricos ou benzodiazepínicos pode potencializar o efeito depressor sobre o SNC. Pode diminuir o limiar convulsivante e diminuir o efeito dos agentes anticonvulsivantes quando associado a esses medicamentos. O uso simultâneo com IMAO não é aconselhado devido ao risco hipertensor e convulsivante.

Contraindicações.

Hipersensibilidade ao fármaco. Gravidez e lactação. Estados maníacos. Crianças menores de 12 anos. Crises convulsivantes.