Tretinoína

Ações terapêuticas.

Antiacneico. Antineoplásico.

Propriedades.

A tretinoína (ou vitamina A ácida ou ácido transretinoico), é um agente antiacneico e antipsoriásico eficaz, que atua sobre receptores nucleares nas células-alvo, estimulando assim a mitose e a renovação das células da epiderme. Esta ação propiciaria a formação de uma camada córnea menos aderente, que ao mesmo tempo facilita a eliminação dos comedões existentes e dificulta sua aparição. Sugeriu-se também que a renovação do epitélio folicular impede a formação de tampões de queratina nos folículos. A tretinoína parece ser a forma ativa da vitamina A em todos os tecidos, exceto na retina, mostrando-se de 10 a 100 vezes mais potente que o retinol em vários sistemas in vitro. Sua apresentação para aplicação tópica, conhecida como vitamina A ácida, ou ácido transretinoico, é de primeira escolha para o tratamento da acne e do fotoenvelhecimento cutâneo. A meia-vida da tretinoína após dose única intravenosa é de 40 minutos; não se acumula nos tecidos, sendo biotransformada no fígado dando origem a vários isômeros do ácido retinoico. Apresenta certo grau de absorção em nível epidérmico (cerca de 5% da dose tópica de tretinoína são recuperados na urina). Como agente antineoplásico, é administrada por via oral. O mecanismo de ação poderia envolver sua união com receptores nucleares para o ácido retinoico, conhecidos como RAR e RXR, formando assim um complexo capaz de interagir com o DNA e modular a expressão genética. Demonstrou-se a importância desta propriedade para a regulação do crescimento de algumas linhas de células tumorais, especialmente as da leucemia promielocítica aguda, sobre as quais a exposição a tretinoína induz diferenciação, inibe a proliferação e reduz o potencial angiogênico.

Indicações.

Tratamento tópico da acne vulgar, especialmente nos graus I, II e III, nos quais predominam comedões, pápulas e pústulas. Normalmente não apresenta eficácia nas variedades pustulosas e nódulo-cística profunda graves (acne conglobata). Ictiose lamelar, fotoenvelhecimento cutâneo, queratose folicular, psoríase e líquen plano. Oncologia: indução da remissão da leucemia promielocítica aguda (AML M3 na classificação anglo-franco-americana), em pacientes que não tenham sido previamente tratados com antraciclinas ou são refratários a estes agentes, ou nas recidivas após quimioterapia.

Posologia.

As formas tópicas (creme, gel, solução) a 0,01%, 0,025%, 0,05% e 0,1% devem ser aplicadas uma vez ao dia, preferentemente à noite, antes de deitar. Oncológico: em pacientes com leucemia promielocítica aguda recomenda-se um dose total de 45 mg/m2 de superfície corporal, por via oral, dividida em duas tomadas. O tratamento deve ser continuado por 30 a 90 dias, até observar a remissão completa, momento em que deverá ser iniciado imediatamente um curso de quimioterapia para consolidação.

Reações adversas.

O tratamento tópico pode estar associado com a síndrome de hipervitaminose A. Hiperpigmentação ou hipopigmentação reversíveis, que podem persistir por vários meses após a suspensão do tratamento. Pápulas, crostas, vermelhidão severa, entumescimento da pele. Todos esses efeitos requerem atenção médica. Também podem manifestar-se na pele sensação de calor, prurido leve e vermelhidão, também leve; pode ocorrer descamação, após poucos dias de uso. Com a administração oral na leucemia promielocítica aguda, 25% dos pacientes manifestam a síndrome do ácido retinoico, caracterizada por febre, dispneia, insuficiência respiratória, angústia respiratória aguda, infiltrações pulmonares, leucocitose, hipotensão, derrame pleural, disfunção renal, hepática e de múltiplos órgãos; se não convenientemente tratada (breve curso de 3 dias de administração de doses elevadas de corticosteroides), a síndrome pode ser letal.

Precauções.

Durante a utilização deste fármaco deve-se reduzir a exposição à luz solar e usar filtros solares. Os cremes à base de tretinoína devem ser aplicados distante dos olhos, da boca, dos ângulos do nariz e das membranas mucosas em geral. É provável que ocorra piora do quadro de acne durante as duas ou três primeiras semanas de uso do produto, porém a administração não deve ser interrompida, a menos que a irritação seja grave. Não lavar o rosto com demasiada frequência. Devido à inexistência de provas conclusivas, recomenda-se não usar em mulheres grávidas, a menos que os benefícios para a mãe superem os riscos potenciais para o feto. Caso a lactante vá começar tratamento com o fármaco, a amamentação deverá ser suspensa.

Interações.

Não se devem usar outros esfoliantes, em combinação com a tretinoína, porém se aqueles tiverem sido usados, deve-se esperar o término de seu efeito. Medicamentos fotossensibilizantes; cosméticos com potente ação secativa; preparações antiacnéicas contendo peróxido de benzoíla, resorcinol, ácido salicílico ou enxofre.

Contraindicações.

As preparações para uso tópico (gel, creme, solução) não devem ser aplicadas sobre a pele inflamada, eczematosa ou com queimaduras de sol; igualmente, não devem ser utilizados simultaneamente outros tratamentos tópicos, especialmente outros agentes queratolíticos.