Tolterodina
Ações terapêuticas.
Antiespasmódico de vias urinárias.
Propriedades.
Trata-se de um moderno agente sintético similar da oxibutinina, com atividade antiespasmódica sobre a musculatura lisa vesical. Este fármaco anticolinérgico-antimuscarínico atua como um antagonista sobre os receptores colinérgicos muscarínicos pós-ganglionares, localizados preferencialmente na bexiga urinária, aumentando a capacidade de distensão muscular e postergando, desta maneira, o desejo imperioso de urinar, bem como diminuindo o número de descargas ou impulsos motores sobre a musculatura lisa. Como todos estes fármacos anticolinérgicos, possui ainda discretas atividades anti-histamínica e anestésica local. Após administração por via oral a tolterodina é absorvida pela mucosa digestiva, alcançando pico plasmático máximo de 1 a 3 horas depois da administração. Sua biotransformação metabólica é realizada no nível hepático pela enzima polimórfica CYP 205, dando lugar à formação de um metabólito denominado 5-hidroximetil, que é farmacologicamente ativo. Sua meia-vida plasmática é de 2 a 3 horas, e a de seu metabólito é de 3 a 4 horas, existindo variantes biometabólicas individuais entre pessoas metabolizadoras rápidas e lentas. A atividade terapêutica alcança sua maior atividade nas primeiras 4 semanas sobre os fenômenos urodinâmicos pré-miccionais e pós-miccionais.
Indicações.
Incontinência urinária. Bexiga hiperativa, irritável ou instável.
Posologia.
2 mg por via oral, duas vezes ao dia. Em pacientes com função hepática deficiente, a dose recomendada é de 1 mg duas vezes ao dia. Em pacientes que apresentem algum efeito colateral adverso, a dose pode ser reduzida a 1 mg duas vezes ao dia. Deverá ser efetuada uma avaliação sobre a continuidade a longo prazo do tratamento, após 6 meses do início do mesmo.
Superdosagem.
A dose mais elevada de L-tartarato de tolterodina administrada a voluntários humanos foi de 12,8 mg em dose única. Os efeitos adversos mais graves observados foram transtornos de acomodação visual e dificuldade de micção. No caso de superdose com tolterodina, fazer lavagem gástrica e tratar com carvão ativado. Tratar os sintomas como descrito a seguir. Efeitos anticolinérgicos centrais (por exemplo: alucinações, excitação grave): tratar com fisostigmina. Convulsões ou excitação pronunciada: tratar com benzodiazepínicos. Insuficiência respiratória: aplicar respiração artificial. Taquicardia: tratar com betabloqueadores. Retenção urinária: realizar a cateterização. Midríase: tratar com gotas oftálmicas de pilocarpina e obscurecer o aposento do paciente.
Reações adversas.
As mais frequentemente observadas devem-se à influência anticolinérgica, tais como secura de boca, redução do fluxo lacrimal, constipação, flatulência, cansaço, visão turva, xeroftalmia, sonolência, nervosismo, parestesias, pele seca. Com incidência pouco comum ( < 1% ou < 1) assinalaram-se: confusão mental, retenção urinária, problemas de acomodação, precardialgias.
Precauções.
Em pacientes com disfunção hepática ou renal deve empregar-se em doses baixas (1 mg duas vezes ao dia). Seu emprego deverá ser feito com precaução em pacientes idosos com patologias prostáticas ou oculares. Em mulheres em idade fértil o tratamento com este fármaco deve ser considerado apenas se estiverem em prática concomitante métodos contraceptivos adequados e seguros.
Interações.
O efeito antimuscarínico pode manifestar-se de modo mais pronunciado quando a tolterodina é administrada a pacientes sob tratamento com outros fármacos que apresentam efeitos antimuscarínicos (por exemplo, antidepressivos). As interações farmacocinéticas são possíveis com outros fármacos ou metabolizados por, ou que inibem, o citocromo P450 2D6 (CYP 2D6). Não obstante, o tratamento concomitante com fluoxetina, um potente inibidor do CYP 2D6, resulta apenas em um pequeno aumento da exposição combinada de tolterodina livre e o metabólito equipotente 5-hidroximetil. Isto não resulta em uma interação clinicamente significativa. Não foram realizados estudos com inibidores ou indutores do CYP 3A4. Os estudos clínicos mostraram que não há interações com varfarina ou anticoncepcionais orais combinados (etinil-estradiol/levonorgestrel). Um estudo clínico com fármacos de avaliação metabólica não forneceu qualquer evidência de que a atividade do CYP 2D6, 2C19, 3A4 ou 1A2 seja inibida pela tolterodina. Ainda não há dados disponíveis com relação ao tratamento com inibidores do citocromo CYP 3A4 (por exemplo, cetoconazol). Alterações das provas de laboratório: não há evidências clinicamente significativas com relação aos efeitos da tolterodina sobre pressão sangüínea, ECG, hematologia ou bioquímica clínica.
Contraindicações.
Retenção urinária ou intestinal. Hipersensibilidade ao fármaco. Glaucoma de ângulo fechado. Patologias obstrutivas gastrintestinais, íleo paralítico, xerostomia. Gravidez e lactação.