Teniposídeo

Ações terapêuticas.

Antineoplásico.

Propriedades.

O tenipósido é um fármaco citostático fase-específico, que age na fase S tardia ou na fase G2 precoce do ciclo celular, o que evita que a célula entre no processo de mitose. O tenipósido provoca ruptura do DNA monocatenário e bicentenário, efeito que depende da dose; além disso, origina entrecruzamentos protéicos. O mecanismo de ação está relacionado com a inibição da topoisomerase 2. O tenipósido apresenta um espectro antitumoral amplo nos ensaios in vitro.

Indicações.

O tenipósido é utilizado em combinação com outros fármacos antineoplásicos na terapia de indução em pacientes com leucemia linfoblástica aguda infantil refratária. Também tem sido utilizado como coadjuvante no tratamento de mieloma múltiplo, tumores do SNC (neuroblastoma), linfoma de Hodking e não Hodking e tumores de bexiga.

Posologia.

A dose de indução recomendada é de 30mg/m2/dia durante 5 dias consecutivos, seguidos por 10 dias de repouso; depois reiniciar com 40 a 50mg/m2/dia, duas vezes por semana, durante 6 a 9 semanas. A dose de manutenção recomendada é de 100mg/m2 cada 10 a 14 dias. Para o tratamento de tumores cerebrais recomenda-se uma dose semanal única de 100 a 130mg/m2 durante 6 a 8 semanas. Em estudos clínicos em pacientes com leucemia linfocítica aguda, refratária à indução com citarabina, foi utilizada a combinação de tenipósido (165mg/m2) com citarabina (300mg/m2), duas vezes por semana, até completar 9 doses; também tem sido utilizado, em pacientes com leucemia linfocítica aguda refratária ao tratamento por vincristina/prednisolona, tenipósido (250mg/m2) combinado com vincristina (1,5mg/m2 IV) semanalmente por 4 a 8 semanas.

Superdosagem.

Não há antídoto para a intoxicação com tenipósido. O efeito esperado mais severo é a mielossupressão. O tratamento deve ser de suporte segundo os efeitos observados, incluindo derivados sangüíneos e antibióticos.

Modo de usar.

Geralmente o tenipósido apresenta-se no mercado em uma solução concentrada de 10mg/ml. Antes de usar, diluir a 0,1mg/ml, 0,2mg/ml, 0,4mg/ml ou 1mg/ml. O contato com tubuladuras e recipientes plásticos da solução comercial concentrada de tenipósido pode causar fissuras e ruptura desses materiais, com perda do fármaco. Esse efeito não foi observado nas soluções diluídas de tenipósido, as que devem ser preparadas em recipientes de vidro ou poliolefínicos. As soluções diluídas de tenipósido devem ser administradas com material de infusão que não contenha o plastificante DEHP [di(2-etilhexil)ftalato] e sua refrigeração não é recomendada. O tenipósido é um fármaco citotóxico que deve ser manipulado com precaução: evitar que entre em contato com a pele e realizar um enxágüe imediato com água abundante em caso de contato com a pele ou mucosas.

Reações adversas.

Toxicidade hemática (incidência entre 75% e 95%): mielossupressão, leucopenia, neutropenia, trombocitopenia e anemia. Toxicidade não hemática: mucosite (76%), diarréia (33%), náuseas e vômitos (29%), infecções (12%), alopecia (9%), reações de hipersensibilidade e sangramento (5%), erupções e febre (3%), hipotensão (2%), neurotoxicidade, disfunção hepática, disfunção renal e anormalidades metabólicas ( < 1%).

Precauções.

É um fármaco citotóxico potente, que deve ser utilizado somente por médicos experientes no tratamento com antineoplásicos. Os pacientes que recebem tenipósido devem ser controlados para detectar o aparecimento de mielossupressão ou reações de hipersensibilidade. Os pacientes com síndrome de Down e leucemia são especialmente sensíveis à mielossupressão, por isso, as doses de tenipósido devem ser reduzidas. O tenipósido tem demonstrado ser embriotóxico e teratogênico em animais de laboratório. Dados em seres humanos não estão disponíveis; mesmo assim, deve-se advertir às mulheres em idade fértil tratadas com tenipósido que evitem a gravidez, pelo risco potencial para o feto. O uso como terapia de manutenção, para pacientes com leucemia linfocítica aguda em remissão, tem colocado em evidência um incremento do risco de aparição de leucemia não linfocítica aguda secundária nos pacientes que recebem o fármaco. A lactação deve ser interrompida se as mães devem receber tratamento com tenipósido.

Interações.

O tenipósido pode ser deslocado do seu local de união às proteínas plasmáticas, e com isso aumentar sua toxicidade, pelos seguintes fármacos: tolbutamida, salicilato de sódio e sulfametizol. Pode incrementar o clearance de creatinina plasmático do metotrexato quando administrado em forma conjunta.

Contraindicações.

Hipersensibilidade ao tenipósido ou ao óleo de castor polioxietilado (presente como excipiente nas formulações injetáveis comerciais).