Sulfadoxina + pirimetamina
Ações terapêuticas.
Antimalárico.
Propriedades.
Esta associação é usada na seguinte proporção: 500 mg de sulfadoxina: N1-(5,6-dimetoxi-4-pirimidinil)-sulfaniliamida com 25 mg de pirimetamina: 2,4-diamino-5(5-clorofenil)-6-etilpiridina. É um agente antimalárico cuja ação sinérgica fundamenta-se na potencialização recíproca de ambos os componentes, sendo que por esta razão é possível destruir os parasitas da malária (trofozoítos e esquizontes) com uma dose única. A ação traduz-se por bloqueio sucessivo e sequencial de duas enzimas que interveem na biossíntese do ácido folínico nos plasmódios. Esta associação é ativa contra todas as formas de plasmódios patogênicos para o homem (P. falciparum, P. vivax, P. malariae) e também contra formas resistentes a outros antimaláricos (a cloroquina e outros derivados da 4-aminoquinoleína e a pirimetamina). Não obstante, em algumas regiões endêmicas, especialmente no sudeste asiático e na América do Sul, existem cepas de Plasmodium falciparum, que também desenvolveram resistência a esta associação. Caso necessário, podem combinar-se outros agentes antimaláricos <196> especialmente quinina e mefloquina <196> assim como antibióticos. A associação não apresenta ação hipoglicemiante e não interfere com a atividade dos hipoglicemiantes orais. Em ratos foram observados efeitos teratogênicos quando administrada no início da gravidez. Estes efeitos seriam devidos à pirimetamina, a qual atua como antagonista do ácido fólico, e podem ser combatidos pela administração simultânea de ácido folínico. Acúmulo: a administração de 500 mg de sulfadoxina + 25 mg de pirimetamina (doses recomendadas para a profilaxia antimalárica em adultos) determina, no estado de equilíbrio, concentrações plasmáticas médias de 0,15 mg/l para apirimetamina (em um prazo de cerca de 4 semanas) e de 98,4 mg/l para a sulfadoxina (em um prazo de cerca de 7 semanas). Ligação protéica: os valores foram de 84,9% para a pirimetamina e de 91,4% para a sulfadoxina. Leite materno: tanto a pirimetamina como a sulfadoxina passam para o leite materno. Profilaxia antimalárica: a profilaxia antimalárica para indivíduos que viajam a regiões de risco deverá ajustar-se à situação epidemiológica local, particularmente no que se refere à resistência. Atualmente não existe nenhum antimalárico que confira uma proteção absoluta contra a doença, porém a profilaxia medicamentosa sistêmica atenua, em termos gerais, a gravidade da infecção. As mulheres gestantes deverão ser advertidas sobre os riscos envolvidos com a malária durante a gravidez, devendo desaconselhá-las a viagens desnecessárias para regiões endêmicas. Esta associação também é eficaz no tratamento das infecções por Toxoplasma gondii e como agente profilático contra a pneumonia causada por Pneumocystis carinii.
Indicações.
Tratamento e profilaxia da malária: tratamento da malária por P. falciparum, sempre que a infecção ocorra em regiões com resistência à cloroquina. Profilaxia para viajantes com destino a regiões que tenham resistência do P. falciparum diante de cloroquina. A associação também é indicada para o tratamento de infecção por Toxoplasma gondii e como agente profilático contra a pneumonia causada por Pneumocystis carinii.
Posologia.
Tratamento da malária: adultos e crianças com idade superior a 14 anos, 50 mg a 75 mg de pirimetamina juntamente com 1.000 mg a 1.500 mg de sulfadoxina, em dose única. Menores de 14 anos: 9 a 14 anos, 50 mg de pirimetamina juntamente com 1.000 mg de sulfadoxina, em dose única; crianças de 4 a 8 anos, 25 mg de pirimetamina juntamente com 500 mg de sulfadoxina, em dose única; menores de 4 anos: 12,5 mg de pirimetamina juntamente com 250 mg de sulfadoxina, em dose única. Nos casos graves deverá prescrever-se adicionalmente quinina (por via parentereal, se possível). Deve ser feito um adequado fornecimento de líquido e eletrólitos. A profilaxia antimalárica deve ser iniciada aproximadamente uma semana antes do início da viagem para uma região endêmica, devendo prosseguir durante a estada e permanecer durante 6 semanas depois do regresso. Duração da profilaxia ou do tratamento supressivo: no mínimo 2 anos, pois não há experiência clínica com um prazo de tratamento mais prolongado. Tratamento da toxoplasmose: nos adultos, os melhores resultados foram obtidos com a seguinte dose: 50 mg de pirimetamina juntamente com 1.000 mg de sulfadoxina, uma vez por semana, durante 6 a 8 semanas. Não há experiência clínica com lactantes. Profilaxia das infecções por Pneumocystis carinii. Lactantes e crianças pequenas: 40 mg/kg (calculados com base na sulfadoxina), a cada duas semanas. Adultos: 1 comprimido por semana.
Superdosagem.
Sintomas possíveis: anorexia, náuseas, vômitos, manifestações de excitação, eventualmente convulsões, alterações hematológicas (anemia megaloblástica, leucopenia, trombopenia). Tratamento. Em caso de intoxicação aguda: lavagem gástrica, administração de líquidos. Se houver convulsões: diazepam ou barbitúricos por via parenteral. Vigiar a função renal e a crase sanguínea (exames repetidos) até 4 semanas após a ocorrência da superdose. Diante das alterações hematólogicas citadas, administrar ácido folínico (leucovorina) por via intramuscular.
Reações adversas.
As preparações contendo sulfamidas, ou pirimetamina, ou ambas, podem produzir os seguintes efeitos adversos ou reações de hipersensibilidade. Efeitos cutâneos: exantema medicamentoso, prurido e discreta alopécia. Estas manifestações costumam ser de caráter leve e regridem espontaneamente com a suspensão da medicação. Em casos excepcionais, sobretudo hipersensibilidade, poderão ocorrer reações cutâneas graves, eventualmente perigosas para a vida, como eritema polimorfo, síndrome de Stevens-Johnson e síndrome de Lyell. Efeitos gastrintestinais: dispepsia, náuseas, vômitos (raros), estomatites. Têm sido relatados casos de hepatite com incidentes com a ingestão da associação. Alterações hematológicas: em casos raros, leucopenia, trombopenia e anemia megaloblástica, de evolução em geral assintomática. Ocasionalmente, agranulocitose ou púrpura. Estas alterações em geral desaparecem após a suspensão da medicação. Outros efeitos adversos podem ser: cansaço, cefaleias, febre, polineurite.
Precauções.
Evitar exposição excessiva ao sol. Em investigações clínicas não houve indícios de alterações teratogênicas como era possível esperar tendo como base os resultados de experiências em animais. Não obstante, nos primeiros meses da gravidez ou diante de uma possível concepção, a associação deverá ser prescrita somente em casos de absoluta necessidade. Se a administração prolongar-se por mais 3 meses, a crase sanguínea deverá ser controlada regularmente. Caso haja emprego de doses elevadas durante longo prazo, como por exemplo na toxoplasmose, a possível deficiência de ácido fólico será combatida administrando-se ácido folínico.
Interações.
A administração simultânea da associação com trimetoprima ou associações de trimetoprima e sulfamida podem exacerbar o efeito antifólico, com efeitos adversos hematológicos próprios. Há observações indicando aumento da frequência e da gravidade dos efeitos adversos nos casos de administração simultânea da associação com cloroquina.
Contraindicações.
Intolerância às sulfamidas ou à pirimetamina.