Propericiazina

Ações terapêuticas.

Neuroléptico.

Propriedades.

Sua ação antipsicótica resulta do bloqueio dos receptores pós-sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro. As fenotiazinas também produzem um bloqueio alfa-adrenérgico e deprimem a liberação de hormônios hipotalâmicos e hipofisários. No entanto, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos aumenta a liberação de prolactina na hipófise. Como antiemético, inibe a região disparadora quimiorreceptora medular e sua ação ansiolítica é produzida por redução indireta dos estímulos sobre o sistema reticular do talo encefálico. Além disso, os efeitos do bloqueio alfa-adrenérgico podem produzir sedação. A propericiazina é absorvida rápida e completamente no trato gastrintestinal, embora esteja submetida a um extenso metabolismo de primeira passagem na parede intestinal; quando atinge a corrente sangüínea é metabolizada no fígado e eliminada por via renal e biliar. Sua meia-vida é de poucas horas, embora alguns metabólitos ativos tenham meias-vidas prolongadas. Liga-se a proteínas plasmáticas em alta percentagem (91,7% a 98%); atravessa a barreira hematoencefálica e alcança valores mais elevados no tecido cerebral do que no plasma. Atravessa a placenta. Pode ser administrada por via intramuscular, mas em doses muitos menores às requeridas por via oral.

Indicações.

Psicoses agudas e crônicas. Esquizofrenia fase maníaca da doença maníaco-depressiva. Tratamento do controle de náuseas e vômitos severos em pacientes selecionados. Terapêutica alternativa aos fármacos de primeira linha no tratamento a curto prazo (máximo de 12 semanas) da ansiedade não psicótica. Tratamento de problemas severos de comportamento em crianças (hiperexcitabilidade). Tratamento coadjuvante do tétano e da porfiria aguda intermitente. Delírios crônicos interpretativos e passionais.

Posologia.

A dose deve ser individual. Tratamento de psicose (geral). Via oral: 15mg a 30mg por dia, em uma ou duas tomadas (a maior deve ser à tarde). Em psicoses severas o tratamento pode ser iniciado com 75mg/dia para gradativamente alcançar um máximo de 300mg/dia. Crianças. Via oral: para uma criança de 10kg de peso sugere-se iniciar com uma dose de 0,5mg/dia e adicionar 0,2mg por kg extra de peso (exemplo: uma criança de 13kg receberá 1,1mg/dia). Administrar doses reduzidas em idosos.

Superdosagem.

Síndrome parkinsoniana severa, coma. Tratamento: suporte sintomático.

Reações adversas.

É similar a outras fenotiazinas, embora a sedação e a hipotensão postural sejam muito mais marcadas. Outras: visão turva, movimentos de torção do corpo por efeitos parkinsonianos extrapiramidais distônicos, hipotensão, constipação nasal. Observam-se raramente discinesia tardia, micção difícil (por efeito antimuscarínico), erupção cutânea, transtornos do ciclo menstrual, hipersensibilidade à luz solar, galactorréia, náuseas, vômitos.

Precauções.

Os pacientes que não toleram uma fenotiazina podem não tolerar outras. As medicações antipsicóticas elevam as concentrações de prolactina que persistem durante a administração crônica. Nos recém-nascidos cujas mãe receberam fenotiazinas no final da gravidez descrevaram-se icterícia prolongada, hiporreflexia e efeitos extrapiramidais. Durante a lactação se manifestou sonolência no lactente. Os pacientes idosos requerem uma dose inicial mais baixa pois tendem a desenvolver concentrações plasmáticas mais elevadas, são mais propensos à hipotensão ortostática e mostram uma sensibilidade aumentada aos efeitos antimuscarínicos e sedativos das fenotiazinas. Também podem desenvolver efeitos secundários extrapiramidais, tais como discinesia tardia e parkinsonismo. Recomenda-se administrar aos pacientes idosos a metade da dose usual do adulto. Por seu efeito antimuscarínico pode diminuir e inibir a saliva e contribuir para o desenvolvimento de cáries, doença periodontal e candidíase oral. Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos das fenotiazinas podem aumentar a incidência de infecção microbiana, retardo na cicatrização e hemorragia gengival.

Interações.

Os anti-histamínicos e antimuscarínicos intensificam os efeitos antimuscarínicos das fenotiazinas; principalmente confusão, alucinações e pesadelos. As anfetaminas podem produzir redução dos efeitos antipsicóticos das fenotiazinas e por sua vez as fenotiazinas podem diminuir o efeito estimulante das anfetaminas. As fenotiazinas podem diminuir o limiar para as crises convulsivas, portanto é necessário ajustar as doses dos anticonvulsivantes. Podem inibir o metabolismo da fenitoína e causar toxicidade por fenitoína. O uso concomitante com antitireóideos pode aumentar o risco de agranulocitose; com a bromocriptina pode aumentar as concentrações séricas de prolactina. Os efeitos parkinsonianos da levodopa podem ser inibidos devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos no cérebro. O uso concomitante com bloqueadores beta-adrenérgicos aumenta a concentração plasmática de cada medicação.

Contraindicações.

Depressão severa do SNC, estados comatosos, doença cardiovascular severa. A relação risco-benefício deve ser avaliada nas seguintes situações: alcoolismo, angina do peito, discrasias sangüíneas, glaucoma, disfunção hepática, doença de Parkinson, úlcera péptica, retenção urinária, síndrome de Reye, transtornos convulsivos, vômitos (pois a ação antiemética pode mascarar os vômitos como sinal de superdose de outras medicações). Antecedentes de agranulocitose tóxica, porfiria e glaucoma. Gravidez e lactação. Risco de retenção urinária em transtornos uretrais ou prostáticos.