Morfina
Ações terapêuticas.
Hipnoanalgésico.
Propriedades.
A morfina é o mais importante alcaloide do ópio. Os sais disponíveis são o sulfato de morfina (comprimidos) e o cloridrato de morfina (ampolas). A morfina geralmente exerce seus efeitos principais sobre o sistema nervoso central, o trato gastrintestinal e a musculatura lisa. SNC: as principais ações da morfina com valor terapêutico são a analgesia e a sedação. A morfina atua como droga agonista, unindo-se particulamente aos receptores m no cérebro, medula espinhal e outros tecidos. Também apresenta uma afinidade apreciável pelos receptores s e
Indicações.
Tratamento moderado a grave em pacientes que requeiram analgesia potente durante um tempo prolongado.
Posologia.
Via oral: os comprimidos de liberação prolongada são administrados a cada 12 horas; a dose depende da gravidade da dor, da idade do paciente e dos antecedentes de requerimento analgésico. Média de doses: 20 a 200 mg ao dia, embora a dose correta seja aquela com a qual se possa controlar a dor por 12 horas. Via subcutânea: de 10 a 20 mg a cada 4 ou 8 horas.
Reações adversas.
São observados com maior frequência: constipação, sonolência, tonturas, sedação, náuseas, vômitos, sudorese, disforia e euforia. São observados com menor frequência: debilidade, cefaleia, tremores, convulsões, alterações, alterações de humor, sonhos, alucinações transitórias, alterações visuais, insônia, aumento da pressão intracraniana, laringoespasmo, anorexia, diarreia, alterações do paladar, taquicardia, hipotensão, prurido, urticária, efeito antidiurético, nistagmo, diplopia e parestesias. A morfina é uma droga capaz de induzir abuso e causar dependência psíquica e física; quando é suprimida de forma abrupta, produz a síndrome de abstinência, que ocorre depois do uso prolongado (várias semanas) da droga. A tolerância (necessidade de doses cada vez maiores para produzir o mesmo grau de analgesia) é manifestada inicialmente com uma redução do efeito analgésico e, posteriormente, uma diminuição da intensidade de analgesia. A dependência física encontra frequentemente um inconveniente superável, quando dores crônicas ou pacientes com doenças incuráveis ou terminais são tratados. A síndrome de abstinência caracteriza-se por imobilidade, lacrimação, rinorreia, sudorese e midríase, durante as primeiras 24 horas. Estes sintomas aumentam gravemente e, nas 72 horas seguintes, podem ocorrer irritabilidade, ansiedade, contrações musculares, sensações de calor/frio, arrepios, vômitos, diarreia abundante, hipertermia, taquicardia, taquipneia e hipertensão. Na ausência de tratamento, pode ser provocado um colapso cardiovascular, ou desaparecerem os sintomas entre 5 e 14 dias após o início do quadro. No caso de intoxicação aguda, os sinais característicos são a depressão do sensório, que pode chegar a um coma, a miose puntiforme, a depressão respiratória e a depressão cardiovascular (hipotensão). O tratamento é realizado com antagonistas dos receptores opióideos (por exemplo, naloxona).
Precauções.
Depressão respiratória: constitui o maior risco no uso das distintas preparações de morfina; ocorre com mais frequência em idosos e pacientes debilitados; portanto, a morfina deve ser usada com muito cuidado em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Lesão cerebral e aumento da pressão intracraniana: a depressão respiratória com retenção de dióxido de carbono e o aumento secundário da pressão do líquido cefalorraquidiano podem ser agravados na presença de um traumatismo craniano. Efeito hipotensor: a morfina pode causar hipotensão grave, especialmente nos indivíduos desidratados, ou quando é administrada juntamente com fenotiazinas ou com anestésicos gerais; por via oral, pode produzir hipotensão ortostática em pacientes ambulatoriais. Os recém-nascidos de mulheres dependentes de analgésicos opiáceos podem apresentar dependência física, depressão respiratória e sintomas de abstinência. A seleção dos pacientes a serem tratados com morfina deve considerar vários princípios, que incluem, especificamente, conhecer o maior risco existente durante o uso de morfinosímiles em pacientes idosos, debilitados, insuficientes renais ou hepáticos, com hipotireoidismo ou mixedema, com insuficiência adrenocortical, com depressão do sensório, psicóticos, com hipertrofia prostática, alcoólicos e com cifoescoliose.
Interações.
Os efeitos depressores centrais da morfina são potenciados quando associados com outros depressores do SNC, como hipnóticos, neurolépticos, ansiolíticos, anestésicos gerais e álcool. Os hipnoanalgésicos podem aumentar o efeito bloqueador neuromuscular dos relaxantes musculares e agravar a depressão respiratória. A morfina associada com antidepressivos IMAO pode provocar quadros de excitação ou depressão com hipotensão ou hipertensão.
Contraindicações.
A morfina é contraindicada em pacientes com hipersensibilidade reconhecida à droga, depressão respiratória, na ausência de um equipamento de reanimação, e asma brônquica aguda ou grave. Também é contra-indicada em pacientes que apresentam, ou há suspeita de que possam desenvolver, íleo paralítico.