Flucitosina

Ações terapêuticas.

Antibiótico.

Propriedades.

A flucitosina, 5-fluorcitosina ou 5-FC, é um antifúngico fluorado sintético que desenvolve efeitos fungistáticos e fungicidas sobre diversos fungos, como Cryptococcus neoformans, Candida sp., Torulopsis sp. e Aspergillus. É uma pirimidina que depois da sua administração por via oral transforma-se, dentro da célula fúngica, em 5-fluoruracil e depois em 5-fluordesoxiuridina. Esse último comporta-se como um antimetabólito que interfere na biossíntese normal dos ácidos nucléicos e nucleotídeos vitais para o crescimento do fungo. Essa biotransformação metabólica não se desenvolve no organismo humano ou mamífero. A flucitosina é bem absorvida por via digestiva (90%), distribui-se amplamente e atinge concentrações similares às do plasma (75%) no SNC e no líquido cefalorraquidiano; por essa razão pode ser utilizada na meningite por Cryptococcus neoformans. Sua meia-vida plasmática é de 4 horas, mas pode ser prolongada a 24 horas ou mais em indivíduos com insuficiência renal, pois o fármaco é eliminado por filtração glomerular com índice semelhante ao da creatinina. A eliminação pela urina é elevada ( > 95%) e o fármaco encontra-se em forma inalterada.

Indicações.

Candidíase sistêmica, micose sistêmica, pneumopatia por Cryptococcus neoformans; Torulopsis; leishmaniose cutânea, cromomicose e cromoblastomicose generalizada.

Posologia.

A dose média aconselhada é de 100 a 200 mg/kg/dia divididos de 6 em 6 horas durante 30 a 90 dias. Dose ponderal: 37,5 a 50 mg/kg/dia. Quando existe insuficiência renal as doses devem ser reduzidas ou o intervalo entre elas deve ser aumentado. Existe uma solução a 1% para aplicação parenteral por fleboclise, em um período de 20 a 40 minutos.

Reações adversas.

Foram reportados transtornos gastrintestinais, náuseas, vômitos e diarreia. Esses efeitos secundários são mais frequentes em indivíduos nos quais o medicamento atinge níveis séricos elevados ( > 100mg/ml) ou existe falha renal. As alterações hematopoiéticas são manifestadas por leucopenia e trombocitopenia, que são potencialmente reversíveis quando o tratamento é suspenso. No nível humoral, pode ser observado aumento das enzimas hepáticas (transaminases) e da fosfatase alcalina.

Precauções.

O emprego prolongado da flucitosina pode rapidamente gerar resistência por parte do fungo. A associação com anfotericina B permite conseguir um efeito sinérgico ou aditivo in vivo e in vitro sobre Aspergillus e Cryptococcus, mas aconselha-se obter a sensibilidade microbiológica (CIM < 15mg/ml). Essa combinação terapêutica pode aumentar os riscos, a intolerância ou a toxicidade, em especial a renal por anfotericina. Deve-se ter especial cuidado com a administração dos fármacos que reduzem a filtração glomerular, pois prolongariam a eliminação da flucitosina.

Contraindicações.

Hipersensibilidade ao princípio ativo, insuficiência renal grave, gravidez e lactação. Não administrar a perfusão de flucitosina na mesma perfusão da anfotericina B.