Flecainida

Ações terapêuticas.

Antiarrítmico.

Propriedades.

Trata-se de uma droga que pertence ao grupo Ic da classificação de Vaugham-Williams. Possui propriedades anestésicas locais e atua como estabilizador da membrana, interferindo na corrente rápida de entrada de Na+, durante a despolarização da célula miocárdica, sem afetar a duração do potencial de ação. Diminui a excitabilidade, velocidade de condução e automatismo como resultado de uma condução lenta auricular, auriculoventricular (A-V) nodal, His-Purkinje e intraventricular, e provoca nestes tecidos um ligeiro, porém significativo, prolongamento dos períodos refratários. O maior efeito é produzido no sistema de His-Purkinje. Em pacientes com via anômala no sentido anterógrado e retrógrado, o aumento é muito mais pronunciado no nível da condução retrógrada.

Indicações.

Supressão das arritmias ventriculares sintomáticas e de risco para o paciente, que incluem a taquicardia ventricular, contrações ventriculares prematuras frequentes (unifocal e multifocal) e extrassístoles acopladas. Síndrome de Wolff-Parkinson-White com vias acessórias de condução e excitação anterógrada e retrógrada. Manutenção do ritmo sinusal após recuperação das crises agudas de fibrilação auricular.

Posologia.

Nos casos em que o paciente estiver recebendo outra terapia antiarrítmica, esta deverá ser suspensa com antecedência (com exceção da lidocaína, que pode ser utilizada para controle entre os dois tratamentos). Uma vez que tem uma meia-vida prolongada, os incrementos na dose não devem ser realizados antes de 4 dias. Em pacientes com disfunção renal devem ser realizados com intervalos maiores que 4 dias e pode ser necessário reduzir a dose com base nas determinações plasmáticas de flecainida. Também pode ser necessário reduzir a dose em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. Dose usual para adultos: oral, 100 mg a cada 12 horas, com aumento de 50 mg 2 vezes ao dia a cada 4 dias. Manutenção - taquicardia ventricular sustentada: oral até 150 mg a cada 12 horas. Dose limite para adultos em taquicardia ventricular sustentada: 400 mg/dia. Taquicardia ventricular não sustentada sintomática, extrassístoles acopladas ou complexos ventriculares prematuros: 600 mg/dia. Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva: 400 mg/dia. Não foi estabelecida a dose em crianças. Injetável, adultos: quando for necessário o controle rápido ou a profilaxia de taquicardias ventriculares, extrassístoles ventriculares, taquicardias recíprocas do nódulo auriculoventricular, Síndrome de Wolff-Parkinson-White. a) Em bolo: injeção IV sem diluir em caso de urgência: 2 mg/kg IV em não menos de 10 minutos. Nunca administrar mais de 150 mg de flecainida desta forma. b) Infusão intravenosa: iniciar a terapêutica com 2 mg/kg em injeção lenta e contínua segundo a seguinte dose: 1ª hora: 1,5 mg/kg/hora; 2ª hora e seguintes: 0,1 a 0,25 mg/kg/hora.

Reações adversas.

Podem aparecer efeitos cardíacos adversos como arritmias ventriculares novas ou exacerbadas, bloqueio A-V de segundo ou terceiro grau e, raras vezes, bradicardia sinusal. A incidência destes efeitos depende da dose e aparecem com concentrações plasmáticas de flecainida maiores de 0,7 a 1 mg/ml. Também foram observados enjoos, visão turva, cefaleias, náuseas, vômitos e astenia, que só desapareceram com a diminuição da dose.

Precauções.

A meia-vida desta droga pode ser prolongada em pessoas de idade avançada, o que pode aumentar a incidência de efeitos pró-arrítmicos. Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos da flecainida podem produzir um aumento da incidência de infecção microbiana e atraso da cicatrização. É importante, a intervalos períodicos, realizar contagens sanguíneas para detectar depressão da medula óssea, como também monitorar mediante eletrocardiograma para avaliar a eficácia e detectar possíveis reações adversas. Deverá ser tomada precaução em pacientes com marcapasso permanente, pois a flecainida aumenta o limiar endocárdico de estimulação e pode suprimir os ritmos ventriculares de escape.

Interações.

Ao ser administrada simultaneamente com outros medicamentos que diminuem a frequência cardíaca e a contratilidade, pode produzir-se um efeito sinérgico. Eleva os níveis plasmáticos de digoxina em aproximadamente 15%, sendo recomendável controlar os níveis de digoxina em pacientes digitalizados. No caso de ser administrada com amiodarona, a dose de flecainida deve ser reduzida pela metade. O uso simultâneo com propranolol produz um aumento das concentrações plasmáticas de ambos os medicamentos.

Contraindicações.

Bloqueio auriculoventricular preexistente em segundo ou terceiro grau sem marca-passo. Bloqueio de ramo direito associado com hemibloqueio esquerdo sem marca-passo.