Escopolamina

Ações terapêuticas.

Anticolinérgico. Antimuscarínico.

Propriedades.

A escopolamina (ou hioscina) é um alcaloide encontrado em plantas da família das solanáceas. A exemplo da atropina (beladona) age como bloqueador colinérgico predominantemente ao nível dos receptores muscarínicos da acetilcolina, apresentando efeitos antidismenorreico, antiarrítmico (parenteral), antiemético e antivertiginoso. Seus efeitos periféricos são semelhantes aos da atropina, mas se diferencia desta por deprimir o SNC mesmo em doses terapêuticas, sem, contudo, estimular os centros medulares, não interferindo, desta forma, nem com frequência respiratória nem com pressão arterial. O efeito da escopolamina sobre o músculo ciliar do cristalismo, o esfincter do olho, as glândulas salivares, bronquiais e sudoríparas é mais intenso do que observado com a atropina. Sua eliminação é renal.

Indicações.

Cólon irritado refratário a outros tratamentos. Patologias espasmódicas do trato biliar. Doenças urológicas. Dismenorreia ou enurese noturna. Como coadjuvante da anestesia (parenteral) para evitar a salivação e secreções excessivas do trato respiratório, ou para produzir amnésia e reduzir a excitação. Profilaxia das arritmias produzidas por cirurgia ou por fármacos com o suxametônio. Tratamento e profilaxia da cinetose.

Posologia.

Antivertiginoso: via oral: 0,25 a 0,8 mg. Antiemético (parenteral) e antimuscarínico (parenteral) 0,3 a 0,6 g em dose única; crianças: 0,006 mg/kg. Coadjuvante da anestesia: a) sedação-hipnose: 0,6 mg, subdivididos em três ou quatro vezes/dia; b) amnésia: 0,32 a 0,65 mg. Profilaxia da salivação e de secreções excessivas do trato respiratório na anestesia: crianças (4 a 7 meses) 0,1 mg; (7 meses a 3 anos) 0,15 mg; (3 a 8 anos) 0,2 mg; (8 a 12 anos) 0,3 mg. Formas transdérmicas de uso como antivertiginoso e antiemético: 0,5 mg, que são liberados no decorrer de 3 dias.

Superdosagem.

Cansaço intenso, visão turva, torpor e instabilidade, confusão mental, dificuldade para respirar, enjoos, sonolência grave, febre, taquicardia, alucinações, crises convulsivas, secura pronunciada da boca, nariz e garganta. Tratamento: carvão ativado, esvaziamento gástrico. Administração lenta de neostigmina ou fisostigmina (para reverter sintomas antimuscarínicos), barbitúricos de ação curta ou benzodiazepínicos (para controlar o delírio e a excitação), tratamento sintomático.

Reações adversas.

Sonolência, sensação de mal-estar, perda da memória, alterações do sono. Confusão, enjoos, sensação de desmaio, dor nos olhos.

Precauções.

Sua administração em crianças pode produzir reação paradoxal de hiperexcitabilidade. Administrar com precaução em crianças com paralisia espástica ou lesão cerebral. O risco-benefício deve ser avaliado na gravidez. O aleitamento deve ser suspenso.

Interações.

Glicocorticoides, corticotrofina, haloperidol (aumento da pressão intraocular) alcalinizantes urinários, amantadina, antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos, antimuscarínicos, buciclina, ciclicina, ciclobenzaprina, disopiramida, ipratropio, loxapina, maprotilina, meclizina, metilfenidato, molindona, orfenadrina, fenotiazinas, pimozida, procainamida, tioxantenos, antiácidos, antidiarreicos (diminui com a absorção de escopolamina), antimiastênicos, ciclopropano, guanadrel, reserpina, cetoconazol, metoclopramida, IMAO, opioides, apomorfina, depressores do SNC, lorazepam parenteral.

Contraindicações.

Hipersensibilidade aos derivados de beladona (podendo ocorrer reação cruzada).