Enoxaparina sódica
Ações terapêuticas.
Anticoagulante. Antitrombótico.
Propriedades.
A enoxaparina sódica é o sal sódico de uma heparina de baixo peso molecular obtida por despolimerização alcalina do éster benzílico da heparina extraído da mucosa intestinal porcina. Seu peso molecular médio é de aproximadamente 4.500 daltons. A farmacodinâmica da enoxaparina se caracteriza por uma elevada atividade anti-Xa (100 UI/ml) e uma discreta atividade anti-IIa ou antitrombínica (28 UI/ml). A relação entre estas duas atividades é de 3.6. A combinação destes dois mecanismos permite a utilização da enoxaparina sódica na profilaxia de doenças trombóticas com pequeno risco de induzir hemorragias importantes associadas a sua atividade antitrombótica. O tempo de sangramento não é prolongado nas dose recomendadas para as diferentes indicações da enoxaparina. Em relação às doses profiláticas, não existe uma modificação apreciável da TCA. Não há modificações de agregação plaquetária nem da fixação do fibrinogênio em plaquetas. A biodisponibilidade da enoxaparina sódica, após administração por via subcutânea, é superior a 90%. A atividade anti-Xa máxima é observada na terceira hora após sua administração. Este fármaco é metabolizado principalmente no fígado por dessulfatação e despolimerização. A substância inalterada e seus metabólitos são eliminados preferentemente por via renal.
Indicações.
Profilaxia de doenças tromboembólicas, especialmente as possivelmente relacionadas com cirurgia geral ou ortopédica. Profilaxia de tromboembolismo venoso em pacientes acamados por largos períodos. Tratamento de trombose venosa profunda, com ou sem embolismo pulmonar. Prevenção de formação de trombos na circulação extracorpórea durante hemodiálise. Tratamento de angina instável e infarto do miocárdio sem onda Q, com administração concomitante de aspirina.
Posologia.
Profilaxia da tromboembolia venosa em pacientes cirúrgicos: a dose recomendada para pacientes com baixo a moderado risco de tromboembolia é de 20 mg uma vez por dia por via subcutânea, ao passo que para pacientes com alto risco, a dose diária é de 40 mg. Caso se trate de uma cirurgia geral, a primeira administração deve ser realizada 2 horas antes da intervenção; em cirurgia ortopédica, a dose inicial deve ser aplicada 12 horas antes da intervenção. A duração do tratamento deverá coincidir com a persistência do risco tromboembólico, que em média é de 7 a 10 dias. Profilaxia do tromboembolismo venoso em pacientes não cirúrgicos com doenças clínicas: 40 mg diários por via subcutânea durante 6 dias e até estado ambulatório completo (máximo 14 dias). Tratamento de trombose venosa profunda, com ou sem embolismo pulmonar: administrar dose única de 1,5 mg/kg ou 1 mg/kg duas vezes ao dia. Em pacientes com complicações tromboembólicas, recomenda-se a dose de 1 mg/kg administrada duas vezes ao dia. A duração do tratamento é aproximadamente de 10 dias. Tratamento de angina instável e infarto de miocárdio sem onda Q: 1 mg/kg a cada 12 horas, administrado concomitantemente com aspirina oral em dose de 100 a 325 mg uma vez ao dia. Recomenda-se que a duração no tratamento seja de pelo menos 2 dias e até a estabilização clínica. Prevenção da formação extracorpórea de trombos durante hemodiálise: a dose recomendada é de 1 mg/kg. Para pacientes com alto risco de hemorragia, reduzir a 0,5 mg/kg para acesso vascular duplo, ou a 0,75 mg/kg para acesso vascular único. O efeito desta dose é habitualmente suficiente para uma sessão de 4 horas.
Reações adversas.
As principais reações adversas incluem hemorragia, trombocitopenia e dor, hematoma e leve irritação no local onde se realiza a administração subcutânea do fármaco. Mais raramente podem observar-se reações alérgicas cutâneas ou sistêmicas, e aumentos assintomáticos e reversíveis na contagem de plaquetas e no nível de enzimas hepáticas.
Precauções.
Não administrar a crianças. Os pacientes de idade avançada ou com insuficiência renal não necessitam ajuste de dose até 60 mg, porém doses maiores devem ser administradas com precaução. Administrar com precaução a pacientes com insuficiência hepática e com antecedentes de trombocitopenia induzida por heparina, com ou sem trombose. Dado que as heparinas de baixo peso molecular diferem em seus processos de fabricação, pesos moleculares, atividades anti-Xa específicas, unidades e dosagens, recomenda-se não intercambiá-las durante o uso. Caso seja necessário administrar anticoagulante no transcurso de anestesia epidural/espinal, recomenda-se realizar controles frequentes, com a finalidade de detectar qualquer sinal e sintoma de comprometimento neurológico (hematomas neuroaxiais que poderão acarretar paralisia de longa duração ou mesmo permanente). Não administrar para a prevenção de tromboembolismo em pacientes com próteses valvares cardíacas. Usar com precaução em situações com maior risco de hemorragia, tais como hemostasia comprometida, antecedentes de úlcera péptica, acidente vascular cerebral isquêmico recente, hipertensão arterial grave não controlada, retinopatia diabética e cirurgia neurológica ou oftalmológica recente. Devido ao risco de trombocitopenia, recomenda-se realizar contagem de plaquetas antes de iniciar o tratamento com enoxaparina, e em seguida a intervalos regulares durante o tratamento. Não administrar a mulheres grávidas ou em período de amamentação, exceto em caso de risco importante para a mãe. Não administrar a mulheres grávidas portadoras de próteses de válvulas cardíacas.
Interações.
Antes de iniciar o tratamento com enoxaparina recomenda-se suspender a administração de fármacos anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), salicilatos sistêmicos, ácido acetilsalicílico, cetorolaco, dextrana 40, ticlopidina, clopidogrel, glicocorticoides sistêmicos, trombolíticos, anticoagulantes e outros anticoagulantes antiplaquetários, inclusive os antagonistas da glicoproteína IIb/IIIa. Caso seja necessária sua administração conjunta com os fármacos mencionados previamente, realizar cuidadosos controles clínicos e de laboratório.
Contraindicações.
Pacientes com hipersensibilidade a este fármaco ou à heparina e derivados, inclusive outras heparinas de baixo peso molecular e em pacientes com hemorragia ativa importante e condições de alto risco de hemorragia não controlada, inclusive acidente vascular cerebral recente.