Enflurano
Ações terapêuticas.
Anestésico geral por inalação.
Propriedades.
Embora não se conheça o mecanismo exato de ação dos anestésicos por inalação geral, foi proposta a possível interferência com o funcionamento fisiológico das membranas dos neurônios do cérebro mediante uma ação na matriz lipídica da membrana. O enflurano tem uma absorção rápida através dos pulmões; a concentração alveolar mínima (CAM) no oxigênio é de 1,68% e no óxido nitroso a 70% de 0,57%, e é metabolizado no fígado. O lapso desde sua administração até o começo da ação da anestesia, assim como o de sua recuperação, é rápido. A eliminação principal (80%) é por exalação, sem trocas, e colateralmente pelo rim. Atravessa a placenta.
Indicações.
Indução e manutenção da anestesia geral; em concentrações baixas pode ser utilizado como suplemento de outros anestésicos gerais durante o parto cesariano.
Posologia.
Em adultos, a dose usual para indução da anestesia cirúrgica deve ser determinada de forma individual, mas não excedendo 4,5%; para a manutenção da anestesia é de 0,5% a 3%.
Reações adversas.
Tremores, confusão, alucinações, náuseas e vômitos.
Precauções.
Deve ser utilizado com cuidado quando existir aumento da pressão intracraniana, pela possibilidade de piorá-la, e no caso de miastenia grave, pois a debilidade muscular pode aumentar devido a seus efeitos bloqueadores neuromusculares.
Interações.
A ingestão crônica de álcool pode aumentar os requerimentos de enflurano; a administração simultânea com aminoglicosídeos, capreomicina, sangue citratado, lincomicina, bloqueadores musculares não-despolarizantes ou polimixinas pode produzir um bloqueio neuromuscular aditivo; a associação com amiodarona e com anti-hipertensivos ou diuréticos pode potencializar os efeitos hipotensores do anestésico. A atividade bloqueadora neuromuscular do enflurano pode interferir na eficácia dos antimiastênicos (especialmente neostigmina e piridostigmina). O uso simultâneo com bloqueadores beta-adrenérgicos pode ocasionar hipotensão grave prolongada. A administração com depressores do sistema nervoso central pode aumentar os efeitos depressores do SNC e respiratórios. O uso crônico de indutores de enzimas hepáticas antes da anestesia pode aumentar o metabolismo do anestésico, o que aumenta o risco de hepatotoxicidade. O uso simultâneo com isoniazida pode aumentar a formação de metabólitos com flúor inorgânico potencialmente nefrotóxicos, e a administração com cetamina pode prolongar a meia-vida de eliminação desta. O enflurano, em concentrações maiores que 1,5%, produz uma redução da resposta uterina aos oxitócicos, dependente da dose.
Contraindicações.
Não deve ser utilizado em pacientes com antecedentes de hipertermia maligna, pelo risco de aparecimento de crise de hipertermia durante ou após a anestesia, e no caso de doença do trato biliar ou disfunção hepática, pois aumenta significativamente o risco de hepatotoxicidade.