Diflorasona

Ações terapêuticas.

Corticosteroide.

Propriedades.

É um novo corticosteroide tópico com potentes ações anti-inflamatória, antiexsudativa, antipruriginosa e antialérgica. A diflorasona difunde-se através das membranas celulares e se liga a receptores citoplasmáticos específicos para formar um complexo que se translada ao núcleo da célula, ligando-se ao DNA (cromatina) e estimulando a expressão de certos genes e a posterior síntese de várias enzimas, que serão responsáveis em última instância pelos efeitos dos corticosteroides; as principais são as lipocortinas, proteínas inibidoras da fosfolipase A2 (interrompe a transformação de ácido araquidônico de membrana em leucotrienos e prostaglandinas). Seu efeito sobre os linfócitos é inibitório, contribuindo para a diminuição e prevenção das respostas do tecido aos processos inflamatórios, com redução dos sintomas da inflamação. Inibe o acúmulo de células inflamatórias, inclusive macrófagos e leucócitos, nas regiões de inflamação. Também inibe a fagocitose, a liberação de enzimas lisossômicas e a síntese e liberação de diversos mediadores químicos da inflamação. Os mecanismos de ação imunossupressora não são completamente conhecidos, mas podem incluir a supressão ou prevenção das reações imunes mediadas por células (hipersensibilidade retardada) assim como ações mais específicas que afetem a resposta imune. O grau de absorção depende do veículo utilizado para sua formação: o uso de curativos oclusivos aumenta a absorção e pode provocar o aparecimento de efeitos sistêmicos; seu uso é recomendado para o tratamento de dermatoses resistentes. A maior parte do fármaco é metabolizada principalmente no fígado a metabólitos inativos, seguida de excreção renal e em menor grau pelas fezes.

Indicações.

Dermatites, dermatoses, eczema, psoríase.

Superdosagem.

Efeitos sistêmicos: supressão reversível do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Modo de usar.

Tópico. Aplicar uma fina camada na região afetada, uma a quatro vezes ao dia.

Reações adversas.

A frequência das reações adversas aumenta com a duração do tratamento, com o uso de curativos oclusivos, com a frequência de administração e, em menor grau, com a dose. Os efeitos adversos de maior importância clínica são úlcera péptica, pancreatite, arritmias, alterações do ciclo menstrual, debilidade muscular, náuseas ou vômitos, estrias avermelhadas, emagrecimento da pele com hematomas não-habituais, feridas que não cicatrizam. São de incidência menos frequente visão turva ou diminuída, retardamento do crescimento em crianças e adolescentes, aumento da sede, prurido, adormecimento, alucinações, depressões ou outras mudanças do estado anímico, hipotensão, urticária, sensação de falta de ar, sufoco em rosto ou faces, dor, formação de erupções com pus, hemorragia retal; com o uso prolongado podem ser observados acne ou pele oleosa, rosto inchado ou arredondado, sardas de tipo verrugoso de cor vermelho-escuro, estrias avermelhadas ou púrpuras nos braços, pernas, tronco ou virilha, aumento não-habitual do crescimento de pelo, principalmente no rosto e perda não-habitual de cabelo. A absorção sistêmica dos corticoides tópicos pode causar em alguns pacientes supressão reversível do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, manifestações da síndrome de Cushing, hiperglicemia e glicosúria.

Precauções.

Aconselha-se levar em consideração a relação risco-benefício na gravidez, pois estudos em animais indicam que quando a diflorasona é utilizada de forma prolongada ela é absorvida sistemicamente e pode produzir malformações congênitas no feto. A administração simultânea de vacinas de vírus vivos não é recomendada, pois pode ser potencializada a replicação dos vírus da vacina. Durante o tratamento aumenta o risco de infecção e, em pacientes pediátricos ou geriátricos, o risco de efeitos adversos. Recomenda-se administrar a dose mínima eficaz durante o tratamento mais curto possível. É muito provável que os pacientes de idade avançada em tratamento com corticoides desenvolvam hipertensão e sejam mais propensos a apresentar osteoporose induzida por corticoides. A aplicação prolongada, em amplas áreas, e os curativos oclusivos favorecem o incremento da absorção sistêmica da diflorasona. O uso em crianças, na mulher grávida e na mulher que está amamentando deve ser restringido a um curto período e a pequenas áreas da pele. A administração de diflorasona deve ser avaliada na relação risco-benefício na presença de AIDS, cardiopatia, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, diabetes mellitus, glaucoma de ângulo aberto, disfunção hepática, miastenia grave, hipertireoidismo, osteoporose, lúpus eritematoso, tuberculose ativa e disfunção renal grave.

Interações.

A administração simultânea com paracetamol incrementa a formação de um metabólito hepatotóxico do paracetamol e o risco de hepatotoxicidade. O uso conjunto de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINE) e diflorasona pode aumentar o risco de úlcera ou hemorragia gastrintestinal. A anfotericina B administrada junto com corticoides pode levar a hipocalemia severa. O risco de edema pode aumentar com o uso simultâneo de androgênios ou esteroides anabólicos. Diminui os efeitos dos anticoagulantes derivados da cumarina, heparina, estreptoquinase ou uroquinase. Os antidepressivos tricíclicos não melhoram e podem exacerbar as alterações mentais induzidas pelos corticoides. Pode aumentar a glicemia, fazendo-se necessário adequar a dose de insulina ou de hipoglicemiantes orais. As mudanças no estado tireoideo do paciente ou na dose de hormônio tireoide (se estiver em tratamento com esse hormônio) podem fazer necessário um ajuste na dose de corticosteroides, pois no hipotireoidismo seu metabolismo está diminuído e no hipertireoidismo está aumentado. Os contraceptivos orais ou estrogênios incrementam a meia-vida dos corticosteroides e com isso seus efeitos tóxicos. Os glicosídeos digitálicos aumentam o risco de arritmias. O uso de outros imunossupressores com doses de corticosteroides pode aumentar o risco de infecção e a possibilidade de desenvolvimento de linfomas ou outros transtornos proliferativos. Pode acelerar o metabolismo da mexiletina com diminuição de sua concentração plasmática.

Contraindicações.

Hipersensibilidade à diflorasona. Infecção micótica sistêmica.