Dienogeste + estradiol

Ações terapêuticas.

Contraceptivo hormonal de uso sistêmico. Combinação de estrógeno-progestágeno com efeito antiandrogênico, também indicado para pacientes com acne, seborreia, hirsutismo e alopecia androgênica.

Propriedades.

Ação farmacológica: o dienogeste é um progestágeno sintético derivado da 19-nortestosterona. Possui intensa atividade progestágena e ação antiandrogênica, sem evidência de efeitos mineralocorticoide ou glicocorticoide. O etinilestradiol é um estrógeno sintético de alta eficácia administrado por via oral, e apresenta as propriedades básicas do 17 betaestradiol de origem natural: inibe a secreção do hormônio foliculoestimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH). A consequência são efeitos sobre o crescimento do folículo ovariano. Ocorre também aumento da produção de muco cervical e reduz sua viscosidade, induz o crescimento do conduto lactífero e inibe a lactação. Farmacocinética: o dienogeste é rapidamente absorvido por via oral, obtendo-se um pico plasmático (Cmáx) aproximadamente 2,5 horas após a tomada. Possui uma biodisponibilidade absoluta de aproximadamente 96% por via oral. No soro, o dienogeste circula em cerca de 90% unido à albumina de maneira inespecífica, e os 10% restantes circulam de forma livre, aproximadamente. O dienogeste não se une às proteínas de transporte específicas, SHBG ("sex hormone-binding globulin", globulina transportadora de hormônios sexuais) e CBG ("corticosteroid binding globulin", globulina transportadora de corticosteroides) e tem um volume de distribuição aparente de 37-45 litros. A meia-vida do dienogeste é de 9 horas, sendo biotransformado no fígado pelo CYP3A4, de forma praticamente completa, pelas vias do metabolismo dos esteroides. O dienogeste é eliminado predominantemente pela urina e também com as fezes. Apenas traços são eliminados por via renal em forma não modificada. O etinilestradiol é rapidamente absorvido por via oral, obtendo-se um pico plasmático (Cmáx) entre 1 e 2 horas após a tomada. Possui expressivo efeito de primeira passagem hepático, razão pela qual sua biodisponibilidade é de aproximadamente 40%. O etinilestradiol liga-se à albumina e induz a síntese de SHBG. A meia-vida do etinilestradiol é de 25 horas, sendo metabolizado no fígado principalmente por 2-hidroxilação e posterior metilação e glicuronidação. O etinilestradiol é eliminado por vias urinária e fecal na forma de metabólitos glicuronídios e sulfatados.

Indicações.

Anticoncepção hormonal. Tratamento hormonal de acne, a seborreia, o hirsutismo e a alopecia androgênica.

Posologia.

Cada comprimido possui: dienogeste 2 mg; etinilestradiol 30 mg. O tratamento (primeira administração) deve ser iniciado no primeiro dia do sangramento menstrual. A administração deve ser mantida durante 21 dias consecutivos. Depois de uma interrupção de 7 dias, deve-se continuar com a tomada dos comprimidos da embalagem seguinte.

Reações adversas.

Sistema nervoso: cefaleia, enxaqueca, obnubilação, cãibras, ânimo depressivo, nervosismo, inapetência, libido diminuída. Aparelho cardiovascular: aumento ou diminuição da pressão arterial, inflamação venosa, trombose, embolias, ritmo cardíaco acelerado, hematomas, alteração da circulação cerebral, anemia, edemas. Trato gastrintestinal: dor abdominal, náuseas, vômitos, aumento do apetite, diarreia, tumores hepáticos, patologias de vias biliares. Pele e anexos: acne, prurido, eczema, modificações da pele, cloasma, alopecia, eritema polimorfo, aumento de pelos corporais, virilização. Órgãos reprodutivos e mamas: dores mamárias, hemorragias moderadas, falta de hemorragia anovulatória, dores menstruais, cistos ovarianos, dor durante as relações sexuais, inflamação vaginal e dos genitais externos, alteração da secreção vaginal, inflamação da glândula mamária, alterações fibrocísticas das mamas, secreção mamária, tumor uterino benigno (leiomioma). A frequência do diagnóstico de câncer de mama é levemente maior em usuárias do preparado combinado para a contracepção oral. Dado que em mulheres com idade inferior a 40 anos o câncer de mama é pouco frequente, o risco de manifestar-se câncer de mama é reduzido em relação ao risco geral. Trato urinário: infecções do trato urinário. Trato respiratório superior: inflamação dos seios paranasais, asma, infecção das vias respiratórias superiores. Olhos: distúrbios oculares, anomalias da capacidade visual, irritação conjuntival.

Precauções.

Esta combinação não deve ser empregada durante a gravidez, razão pela qual deve-se afastar a hipótese de gravidez antes do início do tratamento com a mesma. Caso ocorra uma gravidez durante a tomada destes fármacos, seu uso deve ser imediatamente suspenso. Demonstrou-se que o uso de contraceptivos hormonais está associado com um risco maior de patologia tromboembólica venosa e arterial. Este risco pode ser ainda maior devido a fatores adicionais: fumantes, hipertensão arterial, disfunção da coagulação ou transtornos do metabolismo dos lipídios, obesidade, territórios com varizes, predisposição a fenômenos tromboembólicos periféricos e centrais. A existência de qualquer destes fatores deve ser cuidadosamente investigada antes de iniciar o tratamento. Caso sua utilização seja feita na vigência de uma afecção hepática, a administração de contraceptivos deveria ser postergada em cerca de 6 meses. No caso de fumantes que empreguem hormônios como método preventivo da gravidez, existe maior risco de angiopatias, que podem adquirir gravidade (por exemplo, infarto de miocárdio, apoplexia). O risco aumenta com a idade e o número de cigarros consumidos. Em consequência, deve-se recomendar às pacientes com idade superior a 30 anos que empregam hormônios para evitar a gravidez para que evitem o tabagismo. Dado que os esteroides sexuais e seus metabólitos passam para o leite materno, as mães lactantes deverão abster-se de contraceptivos hormonais. Além disso, deve-se levar em consideração, que as combinações de estrógeno-progestágeno colaboram para uma diminuição da amamentação.

Interações.

O efeito contraceptivo deste preparado pode diminuir em função da administração simultânea de substâncias que acelerem a degradação biológica de hormônios esteroides, por exemplo barbitúricos, rifampicina, griseofulvina, fenilbutazona e antiepilépticos como carbamazepina e fenitoína. Em caso de modificações da flora intestinal por causa do uso concomitante de agentes antimicrobianos (por exemplo, ampicilina ou tetraciclina), podem observar-se níveis menores de algum dos princípios ativos. Simultaneamente registrou-se maior número de episódios de sangramentos intermenstruais, como também gestações isoladas. As necessidades de insulina ou de hipoglicemiantes orais podem ser alteradas durante o tratamento contraceptivo.

Contraindicações.

Gravidez. Patologias hepáticas: patologias agudas e crônicas progressivas, síndromes de Dubin-Johnsom e Rotor, colestase, icterícia idiopática e tumores hepáticos prévios ou existentes. Transtornos da coagulação preexistentes ou atuais, ou condições predisponentes. Trombose. Tromboembolia. Acidente vascular cerebral. Infarto agudo de miocárdio. Trombose venosa profunda. Embolia pulmonar. Transtornos específicos do sistema da coagulação: déficit de antitrombina III. Deficiência de proteínas C e/ou S. Hipertensão arterial. Diabetes com angiopatia. Transtornos do metabolismo lipídico. Anemia falciforme. Tumores malignos, especialmente câncer de mama, endométrio ou colo de útero. Outras patologias: herpes gestacional, otoesclerose, obesidade grave, enxaqueca acompanhada de transtornos motores ou sensoriais, hemorragias genitais de origem desconhecida, porfiria, afecções cardíacas e renais, epilepsia, asma, flebite preexistente, esclerose múltipla, coreia menor, endometriose. Hipersensibilidade conhecida a qualquer dos componentes do produto. Não deve ser administrado durante a amamentação.