Dicicloverina

Ações terapêuticas.

Antiespasmódico.

Propriedades.

É um espasmolítico derivado do ácido bicicloexilcarboxílico que reduz a contratura da musculatura lisa do tubo digestivo e do trato urinário. Seu mecanismo de ação é como o dos outros anticolinérgicos (atropina); bloqueia os receptores muscarínicos que, ao serem ativados, geram aumento do tônus e do peristaltismo gastrintestinal e das secreções digestivas (cloridropepticagástrica). Estima-se que sua equipotência farmacológica seja aproximadamente ⅛ da atropina. Relata-se também que possui um efeito musculotrópico direto sobre a musculatura lisa digestiva (efeito musculotrópico).

Indicações.

Cólicas intestinais, cólon irritável ou espasmódico, colopatias fucionais agudas ou crônicas, incontinência urinária.

Posologia.

Adultos: 80 a 160 mg por dia divididos cada 6-8 horas por períodos não-superiores a duas semanas. Crianças: 10 mg, 3 ou 4 vezes por dia. Lactentes: 5 mg, 3 ou 4 vezes por dia. Em todos os casos essas doses devem ser adequadas à resposta individual de cada paciente.

Superdosagem.

O tratamento consiste em lavagem gástrica, uso de antieméticos, carvão ativado. Hidratação parenteral e emprego de benzodiazepínicos que podem ser usados por via IM ou IV em casos de quadros psicóticos com agitação intensa.

Reações adversas.

Geralmente são as habituais para os fármacos anticolinérgicos; informaram-se constipação, secura da boca, anorexia, retenção urinária, visão turva, rash cutâneo, sonolência ou excitação, taquicardia, cefaleia, supressão da lactância, rash alérgico, urticária, diminuição da transpiração, cicloplegia, disúria, astenia, palpitações.

Precauções.

Em lactentes, idosos, pacientes com síndrome de Down podem ocorrer respostas exageradas aos agentes antimuscarínicos (ainda com doses habituais) com agitação, excitação, delírio, tonturas. A secura da mucosa bucal e a diminuição do fluxo salivar contribuem ao desenvolvimento de cáries e candidíase da mucosa. Deve-se ter precaução em indivíduos que dirigem veículos e maquinarias, pois é um agente que provoca sonolência e em alguns casos embotamento. Empregar com cautela em neuropatia antonômica, insuficiência hepatorrenal, arritmias, insuficiência cardíaca, colite ulcerosa, hipertireoidismo.

Interações.

Com digoxina pode aumentar as concentrações séricas do digitálico. Pode antagonizar o efeito gastrocinético desses agentes (metoclopramida, cleboprida, cisaprida) sobre a motilidade digestiva. O efeito neurodepressor é potencializado se associado com álcool, anti-histamínicos H1, antiparkinsonianos, neurolépticos, antidepressivos tricíclicos. O risco de constipação íleo paralítico ou retenção urinária pode aumentar com a administração de hipnoanalgésicos. A associação com cloreto de potássio aumenta o risco de lesão gástrica e de hemorragias digestivas.

Contraindicações.

Íleo paralítico ou atonia intestinal especialmente em indivíduos idosos ou debilitados, miastenia gravis, uropatia obstrutiva, colite ulcerosa grave, lactação, xerostomia, cardiopatias severas, glaucoma de ângulo fechado.