Boceprevir

Ações terapêuticas.

Antiviral sistêmico.

Propriedades.

Trata-se de um moderno antiviral inibidor de protéase (protéase NS3 do vírus da hepatite C, VHC). O boceprevir apresenta ligação covalente, não obstante reversível, à serina do sítio ativo da protéase NS3 (Ser139) mediante um grupo funcional a-cetoamida para inibir a replicação viral nas células anfitriãs infetadas pelo VHC. Após administração por via oral, alcança seu pico máximo em cerca de 2 horas. Recomenda-se administrá-lo conjuntamente com os alimentos, dado que deste modo consegue-se aumentar em até cerca de 60% sua biodisponibilidade com a dose de 800 mg três vezes ao dia. Apresenta acentuada taxa de ligação a proteínas plasmáticas (75%), sendo biotransformado metabolicamente por via da aldo-ceto-redutase (AKR) e dando origem a metabólitos inativos. É eliminado pelas fezes (79%) e pela urina (9%). Sua meia-vida plasmática é de 3,4 horas. O boceprevir é parcialmente metabolizado pelo CYP3A4/5.

Indicações.

Infecção crônica da hepatite C (CHC) genótipo 1 em combinação com alfapeginterferona e ribavirina em pacientes nos quais o tratamento anterior não tenha tido êxito.

Posologia.

Recomendam-se 800 mg por via oral, 3 vezes ao dia, com alimentos. A dose máxima diária é de 2.400 mg.

Reações adversas.

As mais frequentemente assinaladas foram anemia, astenia, fadiga, cefaleia, náuseas e disgeusia; pruridos, exantemas, alopécia, enjoos, secura de pele, mialgias, emagrecimento, síntomas pseudogripais.

Precauções.

Deve realizar-se exame de controle hematológico antes de iniciar o tratamento e nas semanas 4 e 8; os níveis séricos de potássio devem ser determinados nas mesmas ocasiões. Não se deve utilizar como monoterapia devido ao possível desenvolvimento de resistência. Não recomenda-se sua coadministração com indutores potentes de CYP3A4, como carbamazepina, rifampicina, fenitoína, fenobarbital; seu emprego deve ser feito com precaução em pacientes com prolongamento do intervalo QT provocado por amiodarona, quinidina, metadona ou pentamidina.

Interações.

Dado que o boceprevir é um potente inibidor do CYP3A4/5, os fármacos que são metabolizados por este sistema enzimático podem ter aumento de seus níveis plasmáticos e prolongamento de seus efeitos terapêuticos. Os exemplos incluem midazolam, triazolam, pimozida, bepridil, alcaloides do ergot, inibidores da tirosina-quinase. O uso simultâneo com anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina) e rifampicina pode reduzir as concentrações do antiviral.

Contraindicações.

Hipersensibilidade ao fármaco. Hepatite autoimune. Gravidez. Coadministração com fármacos cuja eliminação dependa de CYPA4/5.