Atracúrio

Ações terapêuticas.

Relaxante muscular não-despolarizante, curarizante.

Propriedades.

É um agente curarizante similar ao mivacúrio que age sobre a ligação neuromuscular provocando o miorrelaxamento esquelético, o qual é aproveitado na cirurgia como complemento dos fármacos anestésicos. É um derivado químico tetraidropapaverina sulfonato que é somente utilizado como sal besilato por via intravenosa em doses de 0,3 a 0,6 mg/kg. Provoca bloqueio neuromuscular completo entre 1 e 2 minutos por um mecanismo de competição não-despolarizante. É administrado unicamente por via intravenosa, difunde-se no sangue e possui uma elevada ligação com proteínas séricas (82%); sua meia-vida é breve: 17 a 21 minutos e a faixa de duração dos seus efeitos é de 15 a 35 minutos. Difunde-se com rapidez pelos tecidos mas não atinge o SNC. Sofre biotransformação metabólica, sendo posteriormente excretado pela bile e pela urina. Não foi possível detectar a sua presença no leite materno nem a sua passagem através da placenta. O comportamento farmacocinético em pessoas idosas não é conhecido e parece ser um fraco liberador de histamina. Seu poder liberador de histamina é fraco, estimando-se ⅓ menor que o da tubocurarina.

Indicações.

Como complemento da anestesia cirúrgica. Facilitador da intubação endotraqueal.

Posologia.

Administra-se por via IV em doses de 0,3 a 0,6 mg/kg conseguindo-se assim um rápido e completo miorrelaxamento durante 15 a 35 minutos. Para conseguir a intubação endotraqueal administra-se por via IV 0,5-0,6 mg/kg. Para prolongar o bloqueio neuromuscular podem ser administradas doses complementares de 0,1-0,2 mg/kg ou uma infusão contínua com doses de 0,3 a 0,6 mg/kg, especialmente no bypass coronário com hipotermia (25°C).

Superdosagem.

Devem ser empregados anticolinesterásicos (neostigmina ou edrofônio) em casos de bloqueios neuromusculares prolongados ou graves, pois esses conseguem reverter rapidamente o efeito curariforme acompanhado de respiração mecânica assistida.

Reações adversas.

Enrubescimento, hipotensão, taquicardia, bradicardia, arritmia, flebite, broncospasmo, hipoxemia, erupção, urticária, eritema, bloqueio neuromuscular prolongado, tonturas, espasmo muscular.

Precauções.

O atracúrio deve ser administrado sob a supervisão de médicos experientes no uso de bloqueadores neuromusculares. Não deve ser administrado até que o paciente fique inconsciente. Deve-se ter especial precaução, ou evitar o uso, em pacientes que apresentem suspeita de serem homozigotos para o gene da colinesterase plasmática atípica. A doença renal e hepática pode prolongar o efeito farmacológico. Por não existirem provas conclusivas, recomenda-se não utilizar em gestantes a menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. A lactação deve ser suspensa. A segurança e a eficácia do medicamento em crianças menores de 2 anos não foram estabelecidas.

Interações.

Potencialização com anestésicos inalatórios (halotano), antibióticos (aminoglicosídicos, polipeptídicos, colistina), agentes despolarizantes (suxametônio).