Tiagabina

Ações terapêuticas.

Antiepiléptico.

Propriedades.

Até o presente não está totalmente esclarecido o mecanismo exato pelo qual a tiagabina exerce sua ação farmacológica. Entretanto, aparentemente aumenta a atividade do ácido c-aminobutírico (GABA), principal neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central. Acredita-se que a tiagabina liga-se, na terminação nervosa pré-sináptica, à proteína envolvida na recaptura do GABA do espaço sináptico, aumentado deste modo a quantidade de GABA disponível para unir-se aos receptores GABAérgicos pós-sinápticos. A inibição da recaptura de GABA ocorreria tanto em células neuronais como gliais. Estudos in vitro demonstraram que a tiagabina não inibe a recaptura de dopamina, noradrenalina, serotonina, glutamato ou colina; além disso, apresenta afinidade muito reduzida pelos canais de sódio e cálcio. Em concentrações 20 a 400 vezes superiores àquelas necessárias para inibir a recaptura de GABA, a tiagabina liga-se ao receptores histamínicos tipo 1, serotoninérgicos 5-HT1B, benzodiazepínicos e a canais de cloreto. Sua absorção é rápida e praticamente completa através do trato gastrintestinal, com uma biodisponibilidade absoluta da ordem de 89%. A administração juntamente com alimentos produz retardo no desenvolvimento de seu pico máximo de concentração plasmática, porém não modifica a quantidade total absorvida. Sua taxa de ligação com proteínas plasmáticas é de 96%. A tiagabina é metabolizada principalmente por meio do sistema hepático CYP3A4. Menos de 1% do fármaco é eliminado na forma inalterada através da urina, e 14% são eliminados na forma dos isômeros 5-oxo-tioleno; o restante é eliminado através das fezes na forma de metabólitos. Até o presente não foram identificados metabólitos ativos, nem há evidência de que o fármaco induza ou iniba o citocromo P-450.

Indicações.

Tratamento das crises parciais, com ou sem generalização secundária, não controladas satisfatoriamente com outros medicamentos antiepiléticos.

Posologia.

Adultos e crianças com idade superior a 12 anos: via oral, 7,5 mg a 15 mg ao dia, seguida de acréscimos semanais de 5 mg a 15 mg ao dia. Dose de manutenção: via oral, 15 mg a 30 mg ao dia. Caso o paciente se encontre sob tratamento simultâneo com fármacos indutores enzimáticos, doses de manutenção de 30 mg a 70 mg ao dia são bem toleradas. Recomenda-se administrar a tiagabina juntamente com as refeições.

Superdosagem.

Os sintomas de superdose são sonolência, enjoo, tremores, ataxia ou incoordenação e, nos casos mais graves, mutismo, ausência e risco de convulsão. Caso ocorra sobredose recomenda-se instaurar tratamento sintomático.

Reações adversas.

As principais reações adversas compreendem enjoos, cansaço e sonolência. Com menor frequência registram-se nervosismo inespecífico, tremores, dificuldade de concentração, diarreia, estado depressivo, labilidade emocional, estado epiléptico não convulsivo (Petit mal) confusão, anormalidades no campo visual e reações paranoides tais como alucinações, agitação e delírio.

Precauções.

O fármaco deve ser utilizado somente em adultos e em crianças com idade superior a 12 anos. Acredita-se não ser necessário ajuste de dose em pacientes com alterações renais e indivíduos idosos, se bem que nestes últimos recomende-se administrar com precaução. Não é recomendável interromper de maneira brusca o tratamento, em função da possibilidade re recorrência das crises; a dose deve ser gradualmente reduzida durante um período de 2 a 3 semanas. O tratamento deve ser introduzido com uma dose inicial pequena e com cuidadosa observação clínica em pacientes que apresentem histórico de problemas graves de comportamento, compreendendo ansiedade generalizada e depressão, pois existe o risco de recorrência destes sintomas durante o tratamento. Um estudo de longo prazo sobre a carcinogenicidade da tiagabina em ratos revelou ligeiro aumento da incidência de adenomas hepatocelulares nas fêmeas, com a dose mais alta (200 mg/kg). A tiagabina não é genotóxica. Ensaios realizados em animais demostraram que o fármaco não possui efeito teratogênico; não obstante, com doses muito elevadas, apresenta toxicidade peri e pós-natal. Não administrar durante a gravidez e a lactação.

Interações.

Os fármacos antiepiléticos (fenitoína, carbamazepina, fenobarbital e primidona) aumentam o metabolismo hepático da tiagabina quando administrados concomitantemente. Não exerce qualquer efeito clinicamente significativo sobre as concentrações plasmáticas sobre as concentrações plasmáticas de fenitoína, carbamazepina, fenobarbital, valproato, varfarina, digoxina, teofilina e os hormônios utilizados como anovulatórios orais. A cimetidida não possui efeito clinicamente significativo sobre os níveis plasmáticos da tiagabina.

Contraindicações.

Hipersensibilidade à tiagabina, alteração grave da função hepática, epilepsia generalizada, particularmente as formas idiopáticas com ausências, síndrome de Lennox-Gastaut ou formas similares.