Carnitina
Ações terapêuticas.
Regularizador do metabolismo muscular.
Propriedades.
A carnitina (levocarnitina) é uma substância de origem natural que participa no transporte dos ácidos graxos de cadeia longa através da membrana interna mitocondrial. Sua presença é requerida no metabolismo energético dos mamíferos, especialmente para a utilização dos lipídicos (ácidos graxos) como fonte de energia do músculo esquelético e cardíaco (os ácidos graxos são a principal fonte). A carnitina promove a eliminação dos ácidos graxos (orgânicos) em pacientes com alterações metabólicas dos ácidos graxos ou em metabolopatias que promovam o acúmulo dos ésteres de acetil-CoA. A carnitina favorece a eliminação dos ésteres de acetil-CoA por formação de acetilcarnitina, que é rapidamente excretada. Quando administrada por via oral possui biodisponibilidade absoluta de 14%-15%, não sofre ligação às proteínas plasmáticas e suas meias-vidas de distribuição e de eliminação terminal foram 0,585 horas e 17,4 horas, respectivamente. A determinação das concentrações plasmáticas de carnitina livre é importante antes do início do tratamento e como monitoração durante seu transcurso para evitar o acúmulo e a toxicidade.
Indicações.
Deficiência primária de carnitina (episódios recorrentes de encefalopatias do tipo síndrome de Reye, hipoglicemia hipocetótica e miocardiopatia; sintomas associados: hipotonia, debilidade muscular). Deficiência secundária de carnitina. Coadjuvante no tratamento do mal de Alzheimer, hipóxia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, correção do perfil de lipoproteínas em pacientes em diálise, profilaxia da toxicidade do ácido valproico.
Posologia.
Adultos: de 1 a 3 g/dia, via oral, divididos em duas ou três tomadas (a administração deve ser iniciada com 1 g/dia); por via parenteral administram-se 50 mg/kg, em infecção em bolus lenta (2 a 3 minutos), até um máximo de 6 vezes por dia. Crianças: de 50 a 100 mg/kg/dia, em doses divididas.
Superdosagem.
Não foi descrita; mesmo assim, doses elevadas de carnitina poderiam causar diarreia. O tratamento deve ser de suporte e sintomático.
Reações adversas.
Transtornos gastrintestinais leves como náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. Miastenia leve em pacientes urêmicos. Pode ocorrer odor corporal, que pode ser eliminado reduzindo a dose. Os transtornos gastrintestinais podem ser diminuídos se o medicamento for administrado em solução oral mais diluído do que habitualmente.
Precauções.
Por não existirem provas conclusivas em seres humanos, recomenda-se não administrar em gestantes a menos que a mãe precise definitivamente desse medicamento. A lactação deve ser suspensa.